O que é recepção de óvulos
A recepção de óvulos ajuda mulheres que possuem dificuldades em gestar com os óvulos proprios
Os processos de doação e recepção de óvulos são aplicados em tratamentos de reprodução assistida e utilizam a técnica de fertilização in Vitro (FIV) para a sua execução final e obtenção da gestação pretendida. Nesses casos, o gameta feminino (óvulo) é fornecido pela doadora para uma outra mulher (receptora) e fecundado com o sêmen do parceiro desta receptora dos óvulos. A princípio, o procedimento era utilizado como tratamento para as mulheres com falência ovariana prematura ou em menor frequência para alguns casos de problemas genéticos hereditários. Atualmente, como vamos ver com mais detalhes nos próximos tópicos, as indicações são mais amplas, incluindo insucessos repetidos em ciclos de fertilização in vitro, má resposta à estimulação ovariana, em alguns casos de abortamento de repetição e também podem viabilizar a gestação para homem solteiro ou parceiros homoafetivos.
Quem pode receber óvulos
Em geral, a recepção dos óvulos por doação é mais frequentemente utilizada para mulheres com mais de 40 anos que entraram na menopausa e também para aquelas, que pelos mais diversos fatores desenvolveram uma falência ovariana, mesmo que ainda jovens (menopausa precoce). Dentre os outros quadros onde a gravidez está inviabilizada sem a ovodoação, temos a menopausa precoce iatrogênica, que são as situações de pacientes que passaram por tratamentos de quimioterapia ou radioterapia e mesmo a retirada dos ovários por cirurgia. Menos frequentemente, doenças de origem genética podem reduzir o tamanho da reserva ovariana ou mesmo torná-la inexistente levando à necessidade do uso de óvulos doados.
Há também os casos de homens solteiros e casais homoafetivos masculinos, que também podem receber óvulos de uma doadora para produzirem seus embriões. O detalhe, claro, é que esses óvulos uma vez fecundados in vitro deverão ser transferidos ao útero de uma mulher para possibilitar a gestação. Esta fase do procedimento é chamada de útero de substituição, barriga solidária ou cessão temporária de útero.
Doação e Recepção de óvulos no Brasil
A primeira coisa importante sobre a doação de óvulos no Brasil é que desde setembro de 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu que qualquer mulher entre 18 e 35 anos, com saúde em bom estado e sem alteração genética manifesta ou conhecida, pode doar seus óvulos para fins reprodutivos. No entanto, essa doação só pode ser realizada de forma voluntária e sem fins lucrativos. Ou seja, no Brasil, a mulher não pode vender seus óvulos, isto é, não pode ser remunerada por ceder seus óvulos.
Antes disso, apenas mulheres que já estavam em tratamento de reprodução assistida, mais especificamente de fertilização in vitro (FIV) é que poderiam fazer as doações de parte de seus óvulos obtidos durante o procedimento. Resumindo a questão, agora há no Brasil dois tipos de doação: a doação de óvulos compartilhada e a voluntária.
Na doação compartilhada de óvulos, a paciente que decide pela doação compartilha com a receptora seus óvulos e também seus custos de tratamento. Desta maneira existe uma redução no valor da realização de seu tratamento de fertilização in vitro já que parte dele é custeado pela receptora. A ideia é beneficiar tanto quem doa quanto quem recebe, estimulando desta maneira, o aumento da oferta de óvulos.
Já no caso da doação de óvulos voluntária, os processos também precisam estar de acordo com a legislação vigente, incluindo o fato do procedimento não poder ter fins lucrativos.
Como encontrar uma doadora de óvulos
Após o diagnóstico de infertilidade dos médicos especialistas e a recomendação para o início do tratamento, o casal passa primeiramente por uma avaliação psicológica. O objetivo é certificar que a paciente está pronta para o processo de recepção de óvulos sob o ponto de vista também emocional. Findo esse processo e realizados todos os exames gerais de saúde necessários, está tudo pronto para o próximo passo: a busca pela doadora.
Cabe então à equipe médica buscar uma doadora compatível com a receptora e cujas características físicas (peso, estatura, cor de pele, cor e consistência do cabelo, cor dos olhos), se aproximem de seus atributos individuais ou mesmo do casal, quando for o caso. Outras características e até aspectos emocionais tais como personalidade, hobbies, profissão, entre outros, podem constar dos atributos da doadora e em alguns casos podem ser valorizados na escolha.
Encontrada a concessora dos gametas, ou óvulos congelados em banco da própria clínica ou de bancos externos, o próximo passo é iniciar a parte técnica do tratamento. Além dos bancos de óvulos brasileiros, há também a possibilidade de encontrar doadoras nos bancos de óvulos internacionais.
Como funciona o tratamento
No caso de doação compartilhada o primeiro passo é coordenar o preparo da doadora e da receptora, isto é, ao mesmo tempo em que a doadora de óvulos tem seus ovários estimulados, a receptora passa por um processo de preparação do útero, mais especificamente de seu revestimento interno, o endométrio. Para isso, utilizam-se hormônios por aproximadamente duas semanas.
A medicação utilizada para a receptora é o estrogênio, hormônio feminino administrado por via oral ou transdérmica (gel ou adesivos). Próximo à data de coleta dos folículos da doadora, um ultrassom endovaginal é realizado na receptora, que está recebendo estrogênio, para avaliar se o endométrio está com espessura adequada para receber os embriões.
A partir do dia da coleta dos óvulos da doadora, a receptora inicia o uso também de progesterona para tornar seu endométrio receptivo no momento da transferência dos embriões. Além disso, no mesmo dia, o parceiro da receptora colhe o sêmen, o qual será preparado e utilizado para a fertilização dos óvulos que lhes serão doados. Observe que este sêmen pode ter também origem em banco de sêmen nos casos que se fizerem necessários.
Em média, os embriões ficam em meio de cultivo de dois a cinco dias até que estejam formados e prontos para a transferência para o útero da receptora. O procedimento de transferência é simples e indolor, realizado com a ajuda de um delicado cateter. Neste processo, a receptora recebe no máximo dois embriões, uma vez que a doadora tem no máximo 35 anos pelas regras de seleção de uma doadora ideal. No caso de embriões excedentes, o casal ainda pode optar pelo congelamento para uso futuro.
Por fim, o exame de gravidez é realizado após 12 a 15 dias da data da transferência dos embriões
Taxa de sucesso da fertilização in vitro
Grande parte da probabilidade de sucesso da gravidez depende de uma série de fatores, que influenciam diretamente os resultados da FIV, desde a faixa etária, passando pelos diagnósticos já relatados anteriormente e até mesmo o estilo de vida e saúde do casal.
A idade é um dos principais elementos relacionados com as taxas de êxito na FIV, principalmente para as mulheres. Pacientes com menos de 35 anos têm até 60% de chances. Entre 35 e 38 anos, as chances caem para próximo de 40%, e continuam a queda para perto de 30% até os 40 anos, passando para 8% depois dos 42 anos.
Embora a fertilização in vitro seja a mais avançada técnica de reprodução assistida e também, para a maioria dos casos, aquela com maior taxa de sucesso, apenas um médico especialista vai poder recomendar o melhor tratamento, após avaliar cada paciente e seus exames.