O que é PICSI?
O PICSI é um recurso laboratorial usado no tratamento de fertilização in vitro que seleciona os melhores espermatozoides para serem injetados no óvulo. O método é considerado um dos mais efetivos para garantir a melhor qualidade dos gametas masculinos em tratamentos de reprodução assistida.
Como funciona o tratamento com PICSI?
Depois de coletado, o sêmen é colocado em uma placa laboratorial, semelhante a um prato, com ácido hialurônico, uma substância parecida com a que é encontrada na camada externa dos óvulos. Essa substância atrai os espermatozóides de melhor qualidade ou, em linguagem mais técnica, aqueles que estão teoricamente livres de fragmentação de DNA espermático. Feito isso, o material é isolado e encaminhado para a fertilização. Como já dissemos, essa técnica é uma das mais efetivas na seleção de espermatozóides, pois o processo imita o que ocorre naturalmente nas tubas, com menor fragmentação do DNA e menos chances de anomalias cromossômicas.
Quais são as etapas do tratamento?
Assim como nos métodos convencionais de fertilização in vitro, o tratamento com a PICSI é realizado em cinco etapas:
1 - Estimulação ovariana
A mulher faz uso de hormônios injetáveis para estimular o desenvolvimento dos folículos (bolsas de líquido que podem conter um óvulo). Esse processo pode durar de 10 a 12 dias, e é acompanhado por exames de ultrassonografia e eventuais dosagens hormonais.
2 - Coleta e seleção de óvulos
Por meio de uma agulha acoplada a um aparelho de ultrassom, o líquido dos folículos ovarianos é aspirado. Feito sob leve sedação, o procedimento geralmente dura entre 15 e 30 minutos. Os óvulos mais maduros e saudáveis seguem para processo de incubação em uma estufa especial.
3 - Coleta e seleção de espermatozóides
O processo é feito por masturbação, dentro de uma sala privativa da clínica, para evitar qualquer contaminação exterior e ter agilidade no tratamento da amostra. As amostras obtidas passam por um preparo em laboratório, o que inclui a seleção dos espermatozóides mais saudáveis.
Nos casos de homens que não tem espermatozóides no sêmen, quadro conhecido como azoospermia, os gametas podem ser recuperados diretamente pelos epidídimos, que são os dutos responsáveis pelo armazenamento dos espermatozóides depois de sua produção. Em outros casos, o material também pode ser extraído dos testículos, mais precisamente nos túbulos seminíferos.
4 - Fertilização
Após a seleção dos melhores óvulos e espermatozóides, ambos são colocados em contato para fertilização no laboratório e armazenados em uma estufa, que possui a mesma temperatura e demais condições do corpo da mulher. Vale lembrar que, antes de iniciar a fecundação, cada espermatozóide é novamente avaliado e selecionado, com a ajuda do microscópio na placa de PICSI. Depois disso, um micromanipulador de gametas injeta esses espermatozóides diretamente no citoplasma do óvulo.
5 - Transferência de embriões
Entre dois a cinco dias, o embrião está pronto para a transferência, feita com o uso de um delicado cateter. O exame de gravidez pode ser feito entre 9 até 15 dias depois da transferência.
Qual é a diferença entre ICSI e PICSI?
A Injeção Intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI) é um processo em que o espermatozóide que vai fertilizar o óvulo é selecionado com uma microagulha e depois é injetado dentro do óvulo. A Injeção Intracitoplasmática de espermatozóide fisiológica (PICSI) é considerada, portanto, apenas uma variação da ICSI. O procedimento de aplicação do espermatozóide no óvulo para fertilização é o mesmo. O que muda é apenas o momento de seleção. Enquanto na ICSI o médico embriologista observa a motilidade dos espermatozóides e faz a escolha, na PICSI é possível selecionar também os espermatozóides livres de fragmentação de DNA espermático.
Quando a PICSI é indicada?
O tratamento de fertilização in vitro com PICSI é indicado em alguns casos. Entre eles, quando há níveis elevados de fragmentação no DNA dos espermatozóides ou quando a maior parte dos espermatozóides presentes no sêmen analisado apresenta alterações morfológicas.
O procedimento também é indicado em pacientes com quadros avançados de teratozoospermia, condição caracterizada pela redução no conteúdo de espermatozoides de morfologia normal ou que apresentam alterações numéricas nos cromossomos. A situação pode gerar falhas na implantação e abortos recorrentes.
A técnica é ainda recomendada nos casos em que a parceira do paciente possui poucos óvulos maduros e precisa aumentar as chances de fecundação por meio de uma seleção mais qualificada de espermatozóides, sob o risco de perder a oportunidade de gerar uma nova vida.
Há ainda os casos de infertilidade sem causa aparente (ISCA).
O que é Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA)?
A Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA) é diagnosticada quando, mesmo após a realização de todos os exames disponíveis para analisar possíveis causas de infertilidade, tanto feminina quanto masculina, os médicos especializados em reprodução humana ainda não conseguem encontrar um motivo concreto para o casal não conseguir engravidar.
A ISCA acomete, em média, de 10% a 15% dos casais que são considerados inférteis e apresentam dificuldades em gerar uma criança. Antes de confirmar que o casal realmente apresenta Infertilidade Sem Causa Aparente, é muito importante rever todos os exames que realizaram e, se for o caso, repetir alguns que apresentaram alguma alteração pequena ou que foram coletados há mais tempo.
O que pode causar a fragmentação do DNA?
A fragmentação de DNA dos espermatozóides pode ser causada por algumas doenças como a varicocele, mas também por fatores relacionados com hábitos de vida prejudiciais para a saúde, como obesidade, tabagismo, uso de drogas, entre outras questões.