O que você precisa saber sobre a doação de sêmen
Surgiu há algum tempo na mídia a notícia de um adolescente inglês que conseguiu identificar seu pai biológico por meio de serviços de pesquisa genética na web. A mãe do rapaz havia engravidado por uma inseminação artificial, com sêmen de doador.
A notícia em si mostra como a internet é um instrumento poderoso e que pode ser utilizado de várias maneiras, principalmente nas mãos de pessoas talentosas. Por outro lado, também levanta um tema muito polêmico em todo o mundo: a relação entre o doador, a criança e sua família
A inseminação com sêmen de doador é utilizada quando, por alguma razão, o homem não produz seus próprios gametas. Invariavelmente são casos bastante especiais, que não podem ser resolvidos nem com as técnicas mais modernas de fertilização in vitro.
Há lei sobre doação de sêmen?
No Brasil, o assunto não tem uma regulamentação específica, embora projetos de lei sobre o tema circulem há anos pelo Congresso Nacional. O que existe, nesse cenário, é uma resolução do Conselho Federal de Medicina que determina que a doação de gametas deve ser anônima, voluntária, não podendo o doador receber nenhuma compensação financeira por ela.
Sendo assim, fica protegida a identidade do doador de sêmen. Apenas em casos excepcionais, em virtude de algumas brechas na legislação brasileira, é que o filho pode demandar judicialmente essa identificação, como na necessidade de um transplante de medula, por exemplo. No entanto, essa é uma outra seara e, para saber mais, talvez valha a pena consultar informações aprofundadas com um especialista em legislação. Aqui, nos próximos tópicos, nos cabe explicar de forma resumida como funcionam as doações de esperma nos bancos de sêmen.
Quem pode doar sêmen?
Qualquer homem saudável, sem histórico de doença genética ou crônica própria ou na família, e que não tenha doenças sexualmente transmissíveis, pode se candidatar como doador de sêmen.
No entanto, como eu já disse acima, o doador precisa ser voluntário, uma vez que a resolução do Conselho Federal de Medicina não permite o comércio nem a remuneração desse serviço.
Quais são os procedimentos para doação de sêmen?
Geralmente, quando o voluntário para a doação decide procurar uma clínica de reprodução assistida ou um banco de sêmen, ele passa por uma entrevista e depois é encaminhado para uma série de exames, que detectam se o doador possui ou não doenças genéticas ou infecções sexualmente transmissíveis. Ele também realiza um espermograma para verificar a sua qualidade seminal. Após todos esses processos, os doadores passam por uma nova entrevista que vai ajudar o banco de sêmen a preencher as características fenotípicas dos gametas.
Como funciona a coleta do sêmen?
As doações são geralmente realizadas em clínicas de reprodução assistida ou em bancos de sêmen, por meio de masturbação, em salas privativas. Após a coleta é feita a análise seminal que verifica a qualidade dos gametas. Se o sêmen estiver dentro dos parâmetros ideias, o material é armazenado por meio da técnica de criopreservação (processo de congelamento do material em nitrogênio líquido a 196 ºC). O procedimento vai permitir que o uso do sêmen possa ser realizado no futuro, em processos de reprodução humana assistida como a fertilização in vitro ou a inseminação artificial.
A doação de sêmen ajuda quais tipos de pacientes?
Os tratamentos que recorrem ao banco de sêmen se aplicam a diversos casos. Entre eles, os principais são:
Ø A ausência de espermatozoides (azoospermia)
Ø Homens e mulheres sem parceiro
Ø Casais homoafetivos
Ø Doenças que afetam a qualidade do sêmen
Ø Fertilização in vitro mal sucedida
Ø Doenças sexualmente transmissíveis
Ø Anomalias cromossômicas no esperma
Este artigo foi útil para você? Quer saber mais? Entre em contato com a gente. Estamos aqui para te ajudar no sonho de gerar e cuidar de uma nova vida.
Leia também:
Bancos de sêmen internacionais: como funcionam?
Dr. Sidney Glina, urologista, diretor do Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida.
Categoria: Blog
Publicado em: 29/04/2020
